25 fevereiro 2008

a defesa pela vida

filho saiu da incubadora
chegou em casa,
agora será apresentado à vizinhança e amigos
ao mundo
está ansioso

A mãe, deveras exausta após 48 horas consecutivas de trabalho de parto.
preciva começar a ir pensando na vida novamente.
hoje não.
amanhã,
agora, só banho quente e cama macia.

22 fevereiro 2008

olho fervendo pressão apitando

AAAAAAAAAhhhhhhhhhhh.. será que guento a pressão, corrazón??!?
to com saudade do mundo.. que corre lá fora da minha janela..
e para mim, só resta a vida pela tela...
até semana que vem mon cher ami

olho na pressão, tá fervendo
olho na panela
dinamite é o feijão cozinhando
dentro do molho dela

lenine

19 fevereiro 2008

a espacial atemporal, fragmentos de um diálogo inter-regiões

Arthur: BJ + bom dia + felicidade + prazer + realização + conquista + saber + amizade + 1 dia que é = a todos os dias vividos e lembrados e postos em prática no que somos e guardamos. Dia desses vi uma coletânea dos trapalhões. adoro mumu da mangueira, sempre bebendo um mé ou um suco de cevadis. viajei no tempo, sorri na sala de estar, aos 10 incompletos anos, família inteira, pai mãe e irmãos e irmãs, num zum zum zum dominical. o sentimento é um encanto atemporal. eu nem sabia assim, embora já o sentisse desde então.

Zirila: e no carnaval, fiquei daqui, através da telona, tentando encontrar as carinhas conhecidas no meio da multidão.
E creio que desta forma vivi "com" vocês, um pouquinho da alegria do carnaval.
Sentimentos não possuem tempo nem espaço.
A-espacial ?!?!

Arthur: todo ano é de carnavalis, ele tem casa em nós.

Sentimentos possuem espaço sim. moram em nós. nada de a-espacial. flutuam e encontram moradia nos desejos. são à revelia do tempo, esse nós que criamos, fazemos marcações, para delimitar a vida em acontecimentos, em congruências que nos dêem mais sensação de poder, de controle.

Publicado com o consentimento de ambos autores.

17 fevereiro 2008

retardar o inevitável

Há algumas semanas, talvez meses,anos, decidi que quero começar a correr.
Primeira razão saúde, emagrecer uns quilinhos que insistem em se acomodar e tomar posse do meu corpinho.
Segunda, vencer uma barreira própria de nunca ter sido boa em correr longas distâncias, nem médias, nem curtas. ooops...

Terceiro, eu acho lindo ver pessoas correndo, altivas, ativas, suando, controlando o que pra mim é incontrolável, espero que por enquanto, o fôlego.
quarto..
humm..
o problema é que tenho esse grave defeito em retardar, atrasar (movida a clima de fim de horário de verão, quiçá..)coisas das quais já deveria ter começado.

E nesta tarde - na qual para vcs terem uma idéia e imaginarem a cena - eu já estou prontinha, vestidinha com a roupa pra correr, resolvi escrever um post.

Isto porque antes eu já trabalhei infinitamente (na tese) óbvio, lavei louça, não contente, lavei roupa, fiz pão de queijo, fiz café, fiz lanchinho da tarde, pensei e tive saudades de amigos queridos, falei com o amor or dor ..( será que foi isso que me inspirou?)
e é isso então.
Acho que minha lista de desculpas acabou.

Deixa eu ir, antes que o sol se ponha, afinal acabou o horário de verão.
.. e do que menos preciso é de mais uma desculpa.

Deixa eu ali no campinho de baixo, quem sabe ainda pego um pouco do sol se pondo.
Galera eu vou correr!
Acho que vai chover, mais do que choveu a semana inteira.

atrasem seus relógios

Adoro o fim do horário do verão,
ainda mais quando cada hora é preciosa.
ho ho ho

15 fevereiro 2008

depósitos de mim

Às vezes, em momentos relevantes, da minha vida, eu tenho vontade de fingir que não me importo.
Atitudes pós-modernas, neste mundo desordenado.
Jogo os frascos vazios, abro os novos, de embalagens novas.
Reciclo.
Mantenho a mínima ordem necessária para manter o sentimento de segurança e controle.
Esta ordem, por muitas vezes, desordenada, não reflete o meu estado de espírito.
Afinal não sou virginiana, tenho apenas meu pé e umbigo por lá.

Mas com os pequenos ritos, ou não, sigo.
Parece até um grande chavão, e penso que tem sido, destes meus útimos dias.
A metade do mês, o fim do período.
Vontade de me dar ou até mesmo receber alta da moça que me vê através das lentes azuis.
Encontros desconfortáveis pelos corredores, mantenho a cabeça baixa. Nada aconteceu na meia hora que acabou de passar.

Meu olhar, fixo num ponto qualquer, distante, pesado.
Pensava em fingir que não me importo mais, assumir este papel.
Omitir o passado e continuar nesse meu jogo pessoal de tentar controlar o futuro.
Afinal de contas, uma vez, foi me dado o nome de zirila e isso deveria me servir pra alguma coisa.
Mas não tem jeito.

E às vezes tenho medo desse blog.
Vontade de imprimir tudo, dar cabo deste espaço e guardar o pacote de papéis impressos, com um pouquinho da minha história no fundo da gaveta, daquele armário que não é aberto quase nunca.
Depósitos de mim.

12 fevereiro 2008

admito

Dias assim
confinados, sem tempero
chuvosos, não pelo fato da chuva, gosto de chuva, mas tomo esta referência apenas como descrição dos meus dias, que variam do sol às chuvas dos fins das tardes de verão.
Arritmado em compasso frenético e letárgico.
Antagônico, melancólico, apreensivo.

às duras penas, sambar o samba com uma perna só
quase que insanamente, lutando contra as horas que fazem passar os dias da folhinha
Um futuro, o meu, tão próximo, cheio de incertezas e certezas, de que todas as possibilidades estão ao alcance das mãos e dos pés.

busco em minha trilha sonora, momento de evasão de mim mesma

O tormento e alento dos dias

à base de detefon que me envenena a favor dos mosquitos

e a certeza de que vai passar
pois passa
e o novo sempre rebrota fresco, como depois da chuva, esta mesma que molha as barras da minha calça - a minha vida - e suja de lama a sola dos sapatos.

Acho que tenho andado com a cabeça meio cheia, tão cheia de idéias, pensamentos, que ela chega a doer, e pra dor, esta que se instala na cabeça, foi receitado tylenol.

tomo,os comprimidos contra indicando a indicação,
às vezes a dor passa, as vezes não,
em outras vezes se transforma em companhia crônica e então
o único jeito é desistir de tudo, ainda que por um momento.

Mesmo assim, contudo,
em meio ao tremor de todo o corpo, após do relato sóbrio da minha mente confusa, à moça que me vê através das lentes azuis, me resume à idéia de que,
ela me vê bem e que devo continuar.

E eu, obedientemente continuo, só não sei muito bem, neste momento, pra onde.
Admito, talvez eu saiba e muito bem, mas tenho medo de admitir que sei.

09 fevereiro 2008

cinco minutos

Pedi você
prá esperar cinco minutos só
você foi embora sem me atender
não sabe o que perdeu
pois você não viu, você não viu...
como eu fiquei.

Dizem que foi chorando, sorrindo, cantando
os meus amigos até disseram
que foi amando, amando.

Pois você não sabe, você não sabe
e nunca, e nunca,
e nunca...
Vai saber porque
pois você não sabe quanto vale cinco minutos, cinco minutos
na vida
Pois você não sabe e nunca vai saber porque
pois você não sabe quanto valem cinco minutos
na vida.

jorge, o de ben

06 fevereiro 2008

fuga

e por um momento quase me esqueci
quis fugir da luz que bateu nos seus olhos
mas enfim, como no fim de tudo,
assim como a quarta cinzenta
de cinzas, rogada
reafirmo meus votos
e me lembro da saudade costumeira.
Esta que, severa e sem piedade, rasga meu ventre, meu peito
rasga tudo por dentro

e me dói.

05 fevereiro 2008

feliz aniversário

Outro dia, eu estava no ônibus indo de Niterói pro Rio.
Entrou uma moça que me lembrou muito você.
Não sei porque me lembrou, mas lembrou.
Ela se sentou ao meu lado e eu pude sentir o perfume dela,
que era o mesmo perfume que você costuma usar.
Eu fiz a viagem toda com você do meu lado.

Um beijo
T.

03 fevereiro 2008

o vôo

Era a hora de abrir a gaveta
retirar a caixinha,
há muito guardada, de sonhos
um a um ordená-los
e matutar, saborear
sobre cada um por minutos e horas
indefinidamente
sem medo algum de voar.

02 fevereiro 2008

férias

acho que estou começando a sentir saudades
e os efeitos
das férias que me separam
da moça que me vê através das lentes azuis

na terra do boi falô

a vaca berrou
afinal
é apenas uma vez ao ano.