29 setembro 2006

pôr-do-sol

Prefiro o pôr-do-sol, momento mágico do dia, marca o fim de mais um dia de jornada, a cidade de certa forma se aquieta, pessoas à caminho de casa, sem mais a pressa que é presente na manhã quando estão a caminho do trabalho para começar o dia de labuta. O pôr-do-sol não, pelo contrário, nos convida ao descanso, parar para uma cerveja num boteco, à beira da avenida. A pausa para um cigarro, para a parada, apreciando os tons laranja-dourado-vermelho-rosa do céu. Um respirar, quase que um suspirar, de satisfação de mais um dia cumprido. Deixando, isto para os mais afortunados, os problemas de lado por um segundo na esperança de se ter um dia novo em folha para achar a solução.
Acho que por tudo isso e por outras que prefiro o pôr-do-sol, sempre gostei.

intimidade letrada

O jogar com as palavras, afirmando tal intimidade com a letra que o desmanchar e formação de novas palavras, novos sentidos se transforma em uma grande brincadeira.

Normal só tem você e eu .. Lenine o sábio

27 setembro 2006

.. e por enquanto.

Continuo com o que me é pertinente.
Até que chegue a hora de dizer basta, acabar com o auto-engano.
Desistir do sonho infundado.
Mantenho o pequeno elo, me apego a ele, como se não fosse aguentar a dor da sua perda.
Alimento, cultivo, cativo enquanto ainda tenho medo do ir embora, sentir a dor do parto, a dor da separação, o viver a vida como tem de ser vivida. Entrar em contato com uma realidade temida.
Como se a dor já existente, a dor da indiferença, incompletude, como se as migalhas que me concedo não fossem muito piores. Mas afinal é um sentimento já conhecido, não se tem que deparar com o novo, com o mergulho de cabeça em águas escuras.
Pequenos caprichos que me mantêm ainda escrava, por opção.
Uma opção cega.
Enquanto isso fico à espera da posse. A posse legitimada da pseudo liberdade. Liberdade ainda confusa e maquiada, não revelada.
E o medo de viver na completude, (o que é a completude, se existe isso?), o medo do mergulho continua estagnado no dia de hoje, por equanto.

26 setembro 2006

.. e sobre os caminhos retomados.

e então o mergulhar no trabalho, nas questões que verdadeiramente sempre importaram, o reencontrar com seus ideais, o reencontrar com as coisas que lhe são familiares, dão-lhe novamente o sentimento de inserção na vida. Antes, e por um breve tempo achava-se em uma fase distinta, excluída de sua própria existência, sem sentido de luta, perdida em meio aos turbilhões, em meio às tempestades e devaneios. Deixando-se levar pela correnteza, tentando desesperadamente salvar-se sem ao menos, ver que sua salvação estava mais perto, do que em meio ao seu desespero, pudesse imaginar.

...e sobre o distanciamento

e como se esperasse ansioso por uma gota do que pudesse representar algum modesto afeto. Um afago mesmo que apático, comedido que fosse. Uma intenção de gesto que indicasse alguma breve tendência em direção a ele. Pequeno movimento que desse alguma esperança de um dia, alguma hora ter novamente a atenção do objeto por ele desejado. Um fio, uma linha que conseguisse manter algum elo entre os dois.

uma auto-síntese no dia de hoje

Um tanto alegre, um tanto triste. Sonhadora, visionária, igualitária.
Um tanto inquieta, um tanto bagunceira, um pouco atrasada. Muito impulsiva, e um tanto compulsiva. Ansiosa. Um bom tanto caótica. Demasiada espontânea e reveladora desmedida de seus livres pensamentos e devaneios. Uma tendência à tosquice, quase uma joselita. Apreciadora da vitrine da vida, observadora dos transeuntes, dos passantes. Amante das verdades e dos âmagos, cientista dos cernes. Adoradora das fendas, imperfeições, do que difere, do que dá individualidade, especialidade. Mantenho o olhar atento ao diferente, quase hipnótico, absorto, integral, meio voyer. Apaixonada pelos universos artísticos coloridos que encantam a alma e os olhos. Tentando decifrar o meu próprio caminho passado, futuro e perdida na viela presente.

25 setembro 2006

tudo vira lixo

e assim, depois de uma pequena enxurrada de dizeres ao mundo, vou me enfiando em baixo das cobertas, em um mundo que não existe. Fazendo valia o que um grande amigo sempre me diz, vá vá dormir, que tudo passa, e amanhã é outro dia. Passa a tristeza, passa o cansaço, passa os pensamentos.

como uma outra grande amiga diz.. pensar muito as vezes não é bom, analizar cada coisa, analizar a vida, pra quê? Não precisa.
Pra quê? Ser um ser simples, sem pensamentos profundos é bom.
Leve sua vidinha, um dia após o outro, sem grandes pretensões e pensamentos.

Afinal..como diz Chico César

Tudo vira lixo
Tudo pode virar lixo
Carta de amor vira lixo
Conta pra pagar vira lixo
Seja como for tudo pode virar lixo
Namorado, gato, tio
Até seu pavio
Também pode virar lixo
Tudo que se acende se apaga
Fósforo se apaga
Vela, incêndio, lamparina
O olho da menina até o seu
Tudo pode se apagar
Tudo pode se acabar
E virar lixo...

e dos Afro-sambas de Vinícius e de Baden

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor

Ah, não existe
Coisa mais triste que ter paz
E se arrepender
E se conformar
E se proteger
De um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz
Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu
l'enfer, c´est les autres...Sartre

Como se dá isso? será mesmo?

delivery de árvore: ligue e peça uma na sua rua

Apesar de o serviço ser desconhecido pelos paulistanos, é possível pedir o plantio de uma árvore em qualquer rua de São Paulo com um telefonema ao 156, central da Prefeitura, que também atende pela internet. A exemplo da pizza, o delivery de árvores à paulistana tem cardápio: as espécies estão listadas no Manual Técnico de Arborização Urbana, lançado no ano passado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Ao acionar o sistema, o munícipe recebe a visita de um técnico da Prefeitura, que verifica as condições do local a receber a árvore, que poderá ser de porte pequeno, médio ou grande e deverá guardar distâncias obrigatórias de poste, placas indicativas e fiação pública. Fonte: OESP, 20.09.2006.

...o que nunca foi dito.

Tenho um medo urgente de ser esquecida, como se realmente a minha presença na vida fosse dispensável. Tenho medo de descobrir o inevitável, medo de finalmente saber a verdade. Na minha viagem, in solo, saber que sou indesejada ou esquecida, nunca lembrada, que minha ausência ou presença é indiferente.

.. e ainda sobre os aquarianos, a eterna busca do auto-entendimento..

Regido por Urano, um planeta descoberto durante a Revolução Francesa, é o exemplo de cidadão do mundo, um porta-voz nato do lema "igualdade, liberdade, fraternidade". Muitos anos-luz adiante do seu tempo.

O aquariano típico é aquele camarada que estava bolando certas reformas religiosas antes de Lutero nascer, cantava a Internacional quando Lênin ainda freqüentava o grupo escolar e já imaginava a teoria da relatividade quando Einstein usava fraldas. Pode não ter tido o gênio destes três, mas, seguramente, enxergava tão longe quanto eles. Na pele de herege, cientista ou reformista social, o aquariano é o grande inventor do zodíaco, um utopista incorrigível, o livre-pensador um tanto aéreo, que nunca desprega a cabeça das grandes e nebulosas causas da humanidade. Naturalmente, eles ficam tão vidrados em suas causas abstratas que não enxergam um palmo adiante do nariz. Seres mais despreendidos e despreonceituosos do sistema solar. Você nunca verá um aquariano racista ou machista, a não ser que seja um gravemente neurótico.

AFF.. acho que estou em crise com o meu signo.. Nem guento minhas viagens,essa eterna cabeça voadora e tosquice cega. Sou um ser típico astrológicamente falando e depois dizem que astrologia é balela.. Socorro, para tudo que quero descer. Dá pra nascer de novo um pouco mais virginiano ou libriano?

e uma vez fui definida assim..

Malee: an easy-living, open-minded person who lives life both in the fast and the slow way Martin Krapp

e da falta que faz o pintar..

I believe that harmony are collors
Everytime I paint it sharpens my harmony..
Yesterday I´ve tried to paint you but the collors weren´t beautifull enough
your love goes beyond what can I say ..Beyonce

24 setembro 2006

"Do canteiro, quero coentro, quero o alho
Eu quero o tampo da cumbuca do balaio
Do balaio, quero o fundo, quero o tampo
Desse boi eu quero o chifre eu quero o guampo".
(letra de uma curraleira, dança do Urucuia)

freezing - suzanne vega

If you had no name
If you had no history
If you had no books
If you had no family

If it were only you
Naked on the grass
Who would you be then?
This is what he asked
And I said I wasn´t really sure
But I would probably be
Cold

And now I´m freezing
Freezing

o remexer do passado

O remexer do passado.
Como que se buscando entender o caminho que tomei para chegar onde estou, como estou.
O silêncio do presente faz-se buscar respostas, como se houvessem estas respostas.
Buscar no passado as respostas que o presente não dá. Tentar entender o porque do hoje, olhando uma foto antiga. Uma situação passada que, no entanto não dá a possibilidade de mudar o que passou, e muito menos o que passa.
Não se pode mudar o passado, pode-se mudar o presente?
Entender o que se foi, sem entender quem és?

23 setembro 2006

frugal

Hoje me disseram que estou frugal..
O significado disto eu tenho comigo mesma, em mim mesma.

22 setembro 2006

dica cultural pra gente que gosta de coisa boa


E não é porque faço parte, tá lindo mesmo, tudo lindo. Emocionante, inédito, tocante!
Já estou indo..

19 setembro 2006

pára de ficar rolando tempo

.. e o tempo tem rolado em um compasso rápido demais.
As coisas mudam rápido demais, pessoas mudam seus comportamentos, formas de ver o mundo. Eu mudo. Os carros passam rapidamente. Os prazos se esvaem. O trabalho nunca finda. O relógio foge com seus tic-tacs. Não há tempo, cumpra seus horários. Não há tempo que caiba no seu dia, nos seus compromissos. O dia seguinte, já foi o dia de ontem.
Estamos em Setembro, e em meados, quase no fim. Aproveite o carnaval.
Perde-se o cuidado com o pouco tempo que temos, ficamos tão absortos com a lista infinita, tão envolvidos que nos tornamos ríspidos e quase que indiferentes às coisas que mais deveríamos prezar. Não há tempo, não há forças. Não há sono suficiente. As pessoas estão indo embora, o tempo está acabando. Muitas pessoas novas invadem a sala, e nos mantemos na superficialidade, porque não cabe na lista de amigos, não dá tempo, não há tempo para mergulhar. A saudade e o cansaço se misturam. Ausências suas, ausências minhas. Não vale a pena tentar, não vale o desgaste. O que vale a pena?
Qual é o ideal? O que é o ideal? Onde estão meus ideais? Devem estar por aqui, em algum lugar... talvez no meio das pilhas de papéis que devem ser lidas e incorporadas no acumulo do saber. E pra quê tanto saber? Pra quê? Aff..

...constatações

Depois de euforias.. sentimentos pacíficos, alegres.
O reencontro com uma velha amiga, e então, parece que nunca o tempo passou, conversas, caminhadas, cervejas.
Retomada ao trabalho intenso, e a satisfação de ver as coisas andando novamente, como sempre deveria ter sido. Sentir-me dentro do meu mundo, do meu ideal de mundo. Sentir-me útil.
O trabalho duro em várias frentes.. A vontade de terminar compulsivamente todas as atividades previstas. Ânimo.

Bate o cansaço.. e o desejo de jogar tudo pro alto, desistir de alguns dos compromissos assumidos, que repensando, não creio ser mais algo que eu prezo. Alguns dos muitos. Resign. Dizer não. Chega, não posso mais. Não consigo. Não é mais a minha menina dos olhos. Não sei se algum dia foi, talvez sim, mas hoje vejo que não consigo mais olhar com os mesmos olhos. Não sou mais a mesma, e cada vez mais estou incorporando essa nova pessoa. Tentando aprender, tentando acertar, corrigindo erros. Assumir fraquezas e debilidades. Conviver com as mesmas. Desistir de salvar o mundo.
Mandar às favas, o que não mais me agrada.

Como diz meu amigo .. vai dormir .. dorme, descansa que passa.
Segundo ele o melhor remédio pra todos os males.. durma. Vou seguir o conselho dele. Acho que ele está certo.

15 setembro 2006

.. e que Clarice continue a nos iluminar dia a dia.

Renda-se como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Clarice L.

14 setembro 2006

.. e pra quem começa a se cansar de tudo o que advém do virtual, uma música de Moska - Virtual(mente)

De onde vim? Pra onde irei? Não sei
Nada está no mesmo lugar
Meus olhos no espelho, ainda estão vermelhos
Não agüentam lhe ver chorar

Eu daqui, você de lá
Encontros virtuais todo dia
Já nem sei no que vai dar
Nossa paisagem nova, pop filosofia

Outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos

Nada mantém o meu coração refém
Preso no espaço sideral
No abismo da rede, ondas que vão e vêm
Alimentando o amor ideal
Tudo bem, tudo igual
Novamente sem seu sorriso
Até amanhã, e ponto final
Pra ir pro paraíso, tudo que eu preciso é

De outra realidade pra anestesiar
Nossa viagem sem sair do lugar
Eu sei que o nosso amor ainda navega
Mas tudo que eu grito não chega aos seus ouvidos

Eu, numa ilha, sem balanço do mar
Mal, minhas garrafas sempre voltam pra cá
Talvez, tudo vá se encaixar
Mas sei, solidão a dois, nunca mais

...e hoje na aula de alemão.

So viele Menschen sehen Dich
Doch niemand sieht Dich so wie ich
Denn in dem Schatten deines Lichts
Ganz weit dort hinten sitze ich

Ich brauche Dich - Ich brauch dein Licht
Denn aus dem Schatten kann ich nicht
Du siehst mich nicht - du kennst mich nicht
Doch aus der Ferne lieb ich Dich
Ich achte Dich - verehre Dich
Ich hoff auf Dich - begehre Dich
Erfühle Dich - erlebe Dich
begleite Dich - erhebe Dich
Kann nicht mehr leben ohne Dich

Dies ist der Morgen danach
Und meine Seele liegt brach
Dies ist der Morgen danach
Ein neuer Tag beginnt
Und meine Zeit verrint

Dieses alles schreib ich dir
Und mehr noch brächt ich zu Papier
Könnt ich in Worten alles Leiden
Meiner Liebe dir beschreiben
Nicht die Botschaft zu beklagen
Sollen diese Zeilen tragen
Nur - Ich liebe Dich - doch sagen

Heute Nacht erhälst du dies
Ich bete dab du dieses liest
Im Morgengrauen erwart ich Dich
Ich warte auf dein strahlend Licht
Ich träume dab du mich bald siehst
Du morgen in den Schatten kniest
Und mich zu dir ins Lichte ziehst

Dies ist der Morgen danach
Und meine Seele liegt brach
Dies ist der Morgen danach
Ein neuer Tag beginnt
Und meine Zeit verrint

Der Morgen Danach - Lacrimosa

... e sobre a produção durante uma aula sobre comunicação.

Assuma a responsabilidade e conseqüências. Mostre sua cara, leve o tapa, deixe e se esforce para acontecer o que teme. Ou então fique com o peito apertado, o pensamento trêmulo, a garganta sêca. Esconda-se, e esconda-se de si mesmo. Não existirá espaço para quase mais nada, além de imaginar como seria o tão temido monstro.
O olhar triste se instala. O medo e o calafrio percorrem o corpo. Terá então a certeza de que está vivo e por vezes preferiria não estar.

... e sobre momentos de nossas vidas.

Turbilhão que chega dizendo à que veio. Acorda caboclo! Entre em meu ritmo, o seu está muito lento. Tudo fica tão frenético que a impressão é que se perde o chão, se perde tudo. O medo toma conta. Afoito perde-se o fôlego, começa a correr atrás do turbilhão, tentando reconstruir o que foi destruído. Achar o que foi perdido, recuperar o que foi deixado. O medo gritando no presente. O turbilhão é um aviso, aviso que se está demasiado fora do eixo. O ritmo retoma sua lógica, o seu compasso. O turbilhão perde o sentido, perde sua função momentânea e deixa então o caboclo novamente regrado, e seu medo um pouco esquecido.

10 setembro 2006

Deixe como está
Não nutra, não deixe crescer.
Faça o movimento inverso
Sufoque, contenha, mate.
Não sinta
Deixe estar

Abstraia-se, devaneie
Desista de suas vontades
O desejo de estar, sem poder.

Verás e não poderás querer
Desejarás e não poderás ver

Queres tocar e não alcanças
Queres falar e não tens escuta
Gritas ao vento,
e perdes o som no infinito.

Serás banido, cortado, lançado fora
Não terás direito à existência

e o repertório noturno ..

...Você pega o trem azul
O sol na cabeça
O sol pega o trem azul
Você na cabeça
O sol na cabeça ...

(o trem azul - milton nascimento)

08 setembro 2006

e aos devotos de clarice...

Também era bom que não viesse tantas vezes quantas queria: porque ela poderia se habituar à felicidade. Sim, porque em estado de graça se era muito feliz. E habituar-se à felicidade, seria um perigo social. Ficaríamos mais egoístas, porque as pessoas felizes o eram, menos sensíveis à dor humana, não sentiríamos a necessidade de procurar ajudar os que precisavam - tudo por termos na graça a compreensão e o resumo da vida.
.. extraído de uma aprendizagem ou o livro dos prazeres C. Lispector

entre as muitas divagações sobre a cana..vamos à ela.

Faz tempo, algum tempo que não tomo cana pra valer.. daquele jeito que quando é feito, o indivíduo faz promessas e abstinências por um bom período de tempo, sem nem encostar ou cheirar álcool.
Beber com propriedade.
Preecher com cana.. o buraco de dentro, anestesiar, esquecer ou lembrar, e então acordar com ressaca e gosto amargo na boca. Assim, voltar ao cotidiano.

06 setembro 2006

santa chuva

e essa música anda grudada na minha cabeça, acordo cantando, e olha que prezo o silêncio de manhã..
Viva os diálogos!!!
...de Marcelo Camelo.

(ele)

Vai chover de novo
Deu na TV
Que o povo já se cansou
De tanto o céu desabar
E pede a um santo daqui
Que reza a ajuda de Deus
Mas nada pode fazer
Se a chuva quer é trazer você pra mim
Vem cá, que tá me dando uma vontade de chorar
Não faz assim
Não vá pra lá
Meu coração vai se entregar
À tempestade...

(ela)

Quem é você pra me chamar aqui
Se nada aconteceu?
Me diz?
Foi só amor? Ou medo de ficar
Sozinho outra vez?
Cadê aquela outra mulher?
Você me parecia tão bem...
A chuva já passou por aqui
Eu mesma que cuidei de secar
Quem foi que te ensinou a rezar?
Que santo vai brigar por você?
Que povo aprova o que você fez?
Devolve aquela minha TV
Que eu vou de vez
Não há porque chorar
Por um amor que já morreu
Deixa pra lá
Eu vou, adeus
Meu coração já se cansou de falsidade...

finalmente esse texto antigo cabe aqui.. adaptado.. mas cabe..

Nada a dizer.
Não acho nada, pelo menos nada que me agrade no momento, para colocar aqui.
Talvez o mundo já esteja repleto, de palavras, frases, cores, movimentos.
Há muita informação correndo fora do portão.
Aqui estou eu então, de próprio punho, ou melhor de própria digitação preenchendo este espaço que talvez devesse ficar vazio. Mas o vazio é de difícil digestão para este mundo tão acostumado com tanta coisa, tanta gente, tantas cores, tanta informações.
E agora neste momento.. em que eu deveria estar correndo atrás de fazer as minhas próprias coisas. Fico aqui preenchendo este espaço...
Isso não tem fim.
Então boto um ponto final, pois lá fora do portão além de toda a informação tem também um dia lindo e os pássaros continuam a cantar e acho que vou deixar a promessa de lado e fazer a minha caminhada diária, que foi prescrita por toda a junta médica a todos os seres humanos, como algo para manter o coração saudável. Já que o cotidiano, nas tentativas de relacionar-me não estão sendo o suficientes nesse quesito, aliás talvez até o inverso, então melhor fazer os tais dos exercícios.

05 setembro 2006

e sobre ser importante..

-you are also really much important to me
-am i?thanks for making me important to you
-you are important to me

e sobre ser uma mulher bomba...

Inadequação, como se tudo o que falasse fossem respostas erradas e ao final ser reprovada no teste.
Como se o que sou, realmente não satisfizesse, como se não bastasse.
E quando bastasse, me tomasse um sentimento de repudio.
Vontade de ficar em uma rede, sob o sol de inverno. Ouvir os sons que vêem da rua e nada mais.
Não pensar. Não me importar. Não existir.
Medo. Medo de mim mesma e dos pensamentos, cores, sabores e dissabores que passam pela cabeça.
Sentimento de que não vai ter jeito, de que se está perdida, sem solução. Parece que as histórias se repetem, e dá medo da repetição, porque você já sabe o final, já sabe o que vai acontecer ao fim do ciclo.
Estressada por ser eu mesma, por ser quem sou.
A vida não é fácil, mas quero fazê-la mais fácil, mais simples.
Pra que tanto sofrimento? Pra que tanto pensamento vil?
Vou ver televisão. Odeio televisão.
Quero explodir.

04 setembro 2006

e sobre gatos...



Os únicos animais que mesmo domesticados guardam características selvagens. Há quem os odeie, há quem os amem. Independentes. Despertam fascínios. Supersticiosos ou não, quem nunca ficou obcecado ao ver um gato preto. O olhar indiferente deles em relação ao outro, a cães que loucamente insistem em latir, às pessoas que tomadas pela raiva insistem em enxotá-los de um território pelos quais eles transitam sem medo de fronteiras.

Utilizados pelos egípcios como caçadores de ratos e venerados como deuses. A deusa Bastet, deusa da fertilidade e da felicidade, benfeitora e protetora do homem, era representada como uma mulher com cabeça de gato. Na Idade Média juntamente com as bruxas, os gatos foram punidos e tidos como criaturas do diabo e muitas vezes eram queimados junto com as mulheres acusadas de bruxaria ou mesmo sozinhos.

Acredita-se que os gatos são os mais sensitivos dos mamíferos, sendo mestres nos sentidos. Não há barreiras e obstáculos para estes.

Admito que apesar de não ser uma fã número um destes bichinhos, admiro e creio ter muito que aprender com eles.

(informações históricas extraídas e adaptadas do wikipedia)

03 setembro 2006

e do verde dos teus olhos...

Me abraça, me aperta
Me prende em tuas pernas
Me prende, me força, me roda, me encanta
Me enfeita num beijo

M. Nascimento
Não sou freira nem sou puta ... R. Lee E Z. Duncan

nessa espera o mundo gira em linhas tortas

Abre os teus armários
Eu estou a te esperar
para ver deitar o sol
sob os teus braços castos
Cobre a culpa vã
até amanhã eu vou ficar
e fazer do teu sorriso um abrigo

Abre essa janela
primavera quer entrar...

de Marcelo Camelo para mim, para tu, para vós, para eles.

aos meus amigos obrigada por tudo...

Admito, ainda estou sob influência descarada das palavras que entraram ontem nos meus ouvidos...
Para vocês! Isto é, se existem vocês lendo estas linhas. Afinal minhas palavras só fazem sentido, ainda mais neste tom de diálogo, quase mais que um monólogo, se existem alguém lendo.
Pensamentos sobre minha existência inexistente no mundo, de que realmente sou descartável, de que não há ninguém esperando nenhuma carta, ou notícia minha, de que o telefone continua e continuará mudo. E de que estas palavras serão apenas palavras jogadas ao vento, jogadas na rede, e perdidas no espaço como lixo virtual. Poluição escrita. Poluição da mente.
Bom tudo isso é fruto da desorganização das minhas idéias.
Várias vezes com pequenas palavras e gestos sou presenteada com idéias contrárias a este pensamento vil. Isto me toca e me deixa intensamente feliz. – Sem tu não é a mesma coisa!
Faz me acreditar de que sou importante e me deixa assim, me sentindo parte do mundo, pertencente ao meu pequeno mundo, a minha pequena realidade, real, não virtual. Acho que estou mais carente do que gostaria e deveria.

Bom pra vocês, você ou ninguém agora apresento.
Maria Rita, intérprete de muitas músicas boas.

carteiro escondeu 2 toneladas de cartas em casa

Será que tem alguma carta minha lá?

e da incapacidade de expressão..

Muitas vezes não consigo explicar o que sinto, o que penso.
Em muitos outros momentos as músicas e poesias, palavras já organizadas e impressas falam coisas das quais tenho até medo. Às vezes os desenhos e cores são as melhores formas para expressar.

Tenho medo.

Odeio às vezes os pensamentos.

Preciso voltar a desenhar.

02 setembro 2006

alvorada...a cor da esperança

Nada como Cartola para nós acompanhar até o fundo do poço, mas também nos acompanhar na saída e no festejo como no carnaval quando resolvermos dançar, conviver e celebrar pelos arredores do poço, e porque não até em um caminho novo, por vizinhanças desconhecidas e florestas ainda selvagens.
Nem se precisa ter muito que festejar. Mas ele simplesmente com sua poesia e batuque nos faz pensar que realmente vale a pena sorrir quando se pretende levar a vida.
Afinal..

Alvorada lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo é tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo, tingindo, tingindo
Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
Mas o que me resta é tão pouco
Ou quase nada, do que ir assim, vagando
Nesta estrada perdida.
...
A tristeza vai transformar-se em alegria,
E o sol vai brilhar no céu de um novo dia,
Vamos sair pelas ruas, pelas ruas da cidade,
Peito aberto,
Cara ao sol da felicidade.
E no canto de amor assim,
Sempre vão surgir em mim, novas fantasias,
Sinto vibrando no ar,
E sei que não é vã, a cor da esperança,
A esperança do amanhã.

Que santo Cartola nos dê bom ânimo...

01 setembro 2006

qual a resposta?

viver, voar ou morrer?

e sobre a agonia...

Sempre fui invejado e sempre fui orgulhoso ao pensar no meu sono de criança, deitava dormia e sem precisar me mover na cama, sempre profundamente. Sem me abalar com os piores dos terremotos.
Esta noite não dormi, remexi, tive sonhos recorrentes, assustadores, sobre o cotidiano da minha vida. Cobranças internas e externas, medos, falhas. Como se estivesse sendo testado e reprovado a todo o momento.
Como se fosse uma farsa, fingindo ser algo que não tenho a capacidade de ser, como se não fosse bom o suficiente.
Acordo angustiado, sentimento agoniado na minha garganta, coração um pouco disparado, boca do estomago apertada. Medo. Agonia.
O presente me assusta, o futuro nem sei, nem penso nele. O presente acontece agora, e me deixa perdido. Perdido no emaranhado do meu próprio cotidiano. Cumprir os prazos e atividades. Fazer direito. Cumprir meu papel na sociedade em que vivo. Lidar com o turbilhão de pensamentos e sentimentos que transitam no trânsito caótico da minha cidade.
Quero o anoitecer na cidade, o entardecer, com direito a parada para olhar o pôr do sol.
Quero colo e cafuné, quero um lugar seguro, se isso existir, ou for possível. Mesmo que a segurança esteja dentro de uma caverna, dentro do apartamento vazio. Apenas isto.
Um banho afoga essa agonia? Uma volta de bicicleta? Desce uma aí, por favor!