05 dezembro 2008

(...) desmaiado nas calendas
vi que aqui há muitas tendas
mas sinto falta de ar
por isso quero morar
em seus arpejos e rendas.

Chico César

03 dezembro 2008

e porque 2008 já se vai...

decidi sorrir
porque estou muito alegre, agora não sei se estou alegre porque decidi sorrir, ou sorri porque a alegria escapuliu pelos cantos da boca.
mas eu acho que tudo tem explicação
afinal, cientista da vida que sou, vivo nos últimos dias do ano momentos intensos
recebi uma multa, paguei minhas contas,
terminei meu semestre, virei mestre, sobrevivi mais um dia,
alcancei minhas metas, recebi sorrisos e carinhos sinceros,
a vilã da minha novela favorita finalmente começa a receber a revanche
passei para a outra fase, recebi muitas negativas, recebi algumas sólidas positivas, o que me basta, quase desisti de tudo, me deprimi muito, decidi continuar, me dar mais uma chance, das muitas que virão, recebo hugs dos meus alunos mais fofos, ganhei um panenote, fiz uma linda árvore de natal, com direito até a guirlanda.
Recebi notícias preocupantes, tomei atitudes libertadoras, não tomei algumas atitudes... recebi e recebo ainda muitas broncas.. mas ... mas...

fiz rimas, doações, escrevi novas histórias, consolidei amigos, fiz novos amigos, me afastei de alguns talvez não tão amigos, vivo muito cansada, voltei a conviver com a anemia, envelheci mais um ano, estou com mais fios brancos, comecei a pensar sobre a adoção de um creme anti-rugas, aderi ao protetor solar, tentei começar a minha atividade física, burlei a minha atividade física, mas não desisti. viajei, e já planejei uma viagem bem linda pro meio do mato, com direito a cabana e cachoeira.
tomei menos cerveja, mas sin perder la ternura. Jamais!
Amo (!), sou correspondida (!!!!) (olha a alegria da garota!)
amo muito muito mesmo e sou correspondida
vou me casar, já me casei na alma,

tenho um par de olhos azuis, só meus, que me encantam em cada olhar
meu coração, meu estrômbio tudo gela só de pensar
ele já tem a hora e data marcada pra chegar.

(... caracas.. que rimas são essas que teimam em chegar?)
no ar, no mar..

E à torcida do flamengo, alguns poucos que fazem parte de mim, acompanham minha história, meu abraço mais querido e sincero. e meu sorriso escapulido não contido
meu brilho do olhar.
:)

17 novembro 2008

minha história

e outras.. tantas outras.. ahhhhh..
lembrar, viver, reviver, recordar..

sentir o coração bater diferente e sentir o sorriso encher o rosto, quando se pensa sobre o primeiro encontro..
o primeiro toque, quando as mão se tocaram e se acariciaram..
e todos os enredos, encontros e desencontros de uma história..
que mais do que nunca está viva e preenche meus pulmões a cada dia.

ai ai .. neste fim de ano já escolhi meu presente de natal...
ho ho ho

e ele chegará só pra mim!
muito bom saber que certas coisas realmente foram apagadas da memória.. a tal ponto de querer de fato se lembrar e não encontrar nenhum vestígio nos arquivos do passado, e nem do presente.

05 novembro 2008

We can change!

.. e parece que o mundo acordou um pouquinho mais colorido, brilhante.
Com um pouco mais de esperança.

28 outubro 2008

recordando antigas músicas...

".. chase all the ghosts on your head
stronger than the monster beneath your bed
smarter than the tricks played on your heart.."

indigo girls - power of two

26 outubro 2008

Happy wintertime

Just three hours and thousands of kilometers away.
Almost two parallel worlds.
dia muito muito quente, o sol queima a cuca da gente.

24 outubro 2008

Que tipo de piscina terá embaixo desse trampolim?
Que pulo que eu vou ter que dar pra não me ferir?
p.moska

23 outubro 2008

pequenos prazeres

pedalar de volta pra casa após um dia cheio e muito quente,
embaixo de uma bem-vinda chuva
e lavar a alma.

20 outubro 2008

alegria e melancolia andam juntas,
sempre muito bem acompanhadas do prazer, da vida.

19 outubro 2008


eu amo um moço de olhos azuis.
amo tanto, mas tanto. e amo sempre e há tanto tempo,
que às vezes tenho medo de continuar a amar.
já me afoguei neste mar.
virei sereia e vivo submersa.
vivo a nadar na imensidão de um oceano
cujo tamanho são dois olhos, Azuis.
tumor é uma palavra feia.
assusta. dá muito medo.
às vezes tenho a impressão (ou será a sensação real?) de que os sonhos são apenas para serem sonhados. a realidade é sempre menos fofa, doce, muito mais sóbria e nítida. será? por muitas vezes pequenos milagres nos provam o contrário, por muitas outras, fica apenas o cansaço nos ombros.

17 outubro 2008

... maybe I´ve lost my touch
Maybe, I lost my guts there, is that truth enough...

though I ´ll blow away, you know I´ll be back soon...
there´s no love, there´s no hate
I left them there for you to take..
Jon Bon Jovi


12 outubro 2008


um domingo de respiro neste calendário tomado
a saudade sempre ali, no canto da sala
encarando e cutucando

na boca o gosto do chá
de canela com maçã
mais uma semana distante

uma tarde e o pôr-do-sol
em Hua Hin, Tailândia.
Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
.

Carlos Pena Filho

10 setembro 2008

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia
(...)

Vinícius de Moraes

Viva a Diva!

Ontem foi o dia da pessoa que é referência na minha vida.
Feliz aniversário Dona Diva!

07 setembro 2008

(... ) a linguagem mais longeva
que o amor reconhece
é o próprio amor, sua prece
é a pane do motor
é o silêncio do tambor
é a bomba na quermesse.

Chico César

31 agosto 2008

Daydreaming

Faz um tempo que deixei de lado as palavras escritas.
Sonhei apenas as faladas, que fossem em outras línguas.
Deixei de lado meu canto.
E preenchi os dias de sonhos.
Sonho acordada, e durmo sonhando.
Todo dia, faço preces para que o sonho seja bom.
Nem sempre.
Mas a cada dia novo, o cheiro de café e a água no rosto não me deixam desistir.
Persisto. São longos e cansativos os dias. Dolorosos.
Por isto sonho tanto
para que ao menos o tempo
tenha mais fantasia para
a tanta realidade.

22 agosto 2008

As árvores velhas, quase todas foram preparadas
para o exílio das cigarras. (...)


Manoel de Barros

19 agosto 2008

abstraía o futuro
e daí mantinha o pouco da serenidade que restava
a enxaqueca pontiaguda na parte frontal do lobo superior esquerdo
(como se fosse isto explicação exata)
continuava presenta todas as noites, como única companhia.

por vezes encontrava cheiro de prosperidade dentro do caminho que não queria.

mas buscava com plenitude saber quais os caminhos

como se pudesse olhar de volta do futuro, e escolher
usar dos seus dons de cigana, a que nunca fôra.
porque
todos os dias vestia sorrisos
e desgustava o sabor
da rotina.

29 julho 2008

o jogo de todo dia

e às vezes, quase sempre, tenho a impressão de que a vida está mais para um grande jogo.
Um jogo que estou cansada, que não quero mais, que nunca quis.

Mas daí, me esqueço .. e volto a brincar, viver, com um sorriso largo estampado no rosto..
me esqueço do jogo
Até que chega o início da próxima partida.

27 julho 2008

ferrugem

o que me faz voltar
é um pouco essa angústia
que me afaga os cabelos

o medo e o desejo de compor
um soneto
que seja um poema, ou mesmo, uma rima
de amor
esse que inunda a minha vida

e nessa busca por palavras doces
nas entrelinhas dos meus escritores favoritos
nada encontro
não que não estejam a altura desse meu amor
ou o contrário

diferente
queria uma rima de esperança
esta que atravessa portos ou mesmo aeroportos

uma semana atrás chorei
como uma criança sem colo
como que se a mim fosse negado o peito

desconsolada partí.

e para esta falta é que busco palavras de esperança
uma espera
uma criança
um colo um peito.

um aconchego vetado.
uma desesperança que assola.
minha insegurança
da pausa de inverno
fez-se o meu verão

03 junho 2008

Esqueci no piano
as bobagens de amor
que eu iria dizer.

Tom

27 maio 2008

12 maio 2008

A palmeira estremece
palmas pra ela
que ela merece.


Paulo Leminski

06 maio 2008

cambalhotar

este vulcão que é criado dentro de meu peito
sufoca minha gana de sorrir
daí quando cuspo, vomito pra fora
dilacera o que chamo de meu eixo

fico frágil, medrosa
despedaçada

mas não tem jeito
isto sou eu
me atropelo nas palavras
me atropelo no que sou
em mim
esta que desaprendeu
o que é dar cambalhotas

05 maio 2008

meu verso

para encurtar a distância
diminuir a saudade
fiz do meu pensamento
o meu único atalho.

pensando em você
olhando sua foto
e sentindo todo o tamanho de sua morada em meu peito
vi que não poderia ter sido um sonho
nem delírio da minha alma.

o que me resta
é ir ao seu encontro
direto pra dentro dos seus braços
que foi moldado exatamente pela volta do meu corpo

e quem sabe
ter um sonho, esta noite
com você
do mesmo jeito que se passou
na noite passada
e na outra e na outra

enquanto isso fico apenas com o buraco
da ausência tua
esta que me leva um pouco
todos os dias.

03 maio 2008

2000

O primeiro desenho que eu aprendi foi uma gota d'água, depois uma pêra, uma folha. Eu pensava: um dia vou aprender isso por dentro.

Fernando Diniz - exposição Imagens do inconsciente

29 abril 2008



porque eu tenho um amor
assim
com muitas flores e listras
e é tão meu
sempre foi.

saudade assim

do tamanho do mundo



que cabe dentro dos braços e
abraços

porque o amor
se veste de verde e
também dança funk

Gravity - Sara Bareilles

para escutar o que eu gostaria de poder cantar pra vocês

ginga

a minha rima
não seria
não fosse a falta
do teu corpo na minha cama
e
a minha alma na tua boca

da falta

o cansaço nesta mistura
com saudade
entro nesta minha repetição
a tal da solidão
combinada com a exaustão

e o medo
que dá vontade de desistir de tudo
mas isto é desespero
mas fico sonhando em francês e alemão
pra chegar mais perto, talvez

e estirpar de dentro do meu coração
a tristeza
de me deitar sozinha
e sentir o seu cheiro
apenas no livro
que você deixou para trás

28 abril 2008

posso errar,
portanto acerto...
o risco que arrisco
é o prazer a que me entrego (...)


Tereza Vignoli

22 abril 2008

du felhst mir


a luz dos olhos teus e meus

minhas listas

e dentre as minhas manias ..(e esta desde que me lembro por gente)
tenho uma que me remete à listas.
listas, de cores coloridas, canetas esferográficas, grafite, giz.
muitas listas
e de tempos em tempos junto todas
e refaço, reviso, risco.
listas pra semana, para o dia, vida
quase uma algema
novas velhas, recalchutadas, modificadas
às vezes me agonia, tantas listas
quero me livrar, por isto refaço
mas as listas, estas, são necessárias
pro compasso e descompasso dos meus dias
e desde sempre e sempre então assim.

contabilidade

por pensar no futuro, gastei meu feriado
na tentativa de botar um fim no passado
acumulado, guardando apenas a essência
inquieta, percebi-me perdida em meio ao meu presente empilhado
sobre a mesa e o chão do escritório
perdi o sono
tudo isso era para botar ordem no futuro
dono da minha ansiedade e pensamento
comandante da minha agenda abarrotada.
... logo logo rumo ao outro lado do oceano
quero o mergulho na cor azul,
dos olhos.

20 abril 2008

da minha pintura inexistente

têm sido difícil
nunca achei que graus de dificuldade fosse piorar (não nesse momento)
mas talvez é reflexo dos meus cachos (o que dá graça a vida).

ao mesmo tempo vislumbro o fim
como momento simples (auto-engano), pleno de felicidade,
pelas barreiras atravessadas (um pouco mais de auto-engano)

Acredito que essas telas pintadas pelo sublime
que nos remetem ao pitoresco, mesmo que romanceado
Estas sim, também são parte do que chamamos felicidade
Subterfúgios da realidade, que nunca é retratada em tons pastel.

...talvez não faça sentido nenhum, a ninguém.
Mas faz todo o sentido nesta manhã nublada de um domingo inter feriado.
E esse pouco sentido já me basta neste momento.

derredor

o mistério está apenas preso ao futuro
no resto ele é difuso
em pequenos pedaços desconexos
dispensados no caos reflexo na disposição do derredor
objetos que possuem vida neles mesmos

o que luto em dominar
o movimento próprio
do meu redor
o caos

11 abril 2008

tudo vai melhorar,

... do senso comum à frase que tenta lhe convencer a continuar o dia de amanhã.
Esta semana tem sido muito como todas as outras anteriores, um mexerico, uma pasmaceira, turbilhão ambulante
(contudo, desejo profundamente que diferentes das vindouras)

Declarações de amor, e feridas decorrentes das pedras atiradas.
sim, ele me ama, ele me disse e eu me derreto, e tudo se resolve, como o novo dia que masce daqui a pouco
Feridas muitas, dispenso comentários outros.

Cansaço misturado ao estresse do dia futuro, o tal do amanhã.
Ilusões e desilusões
com o mundo, meu próprio, e nosso, teu também.

e triste contente, cansada e enérgica vou ao meu recanto, aquele no qual fico só.
na escuridão, meu momento mais sublime, negligente, vulnerável, tardio, insuficiente.

feliz.

24 março 2008

prova viva de que a vida acontece
independente dos obstáculos

a passagem

fim de semana nebuloso
redemoinhos de vento,
afundada no caos, do tipo pessoal
que me é familiar e me faz companhia

tentativas de começar uma vida, que seja nova
vida nova
pausa para respiro em ócio permitido

porém logo, mais rápido do que necessário
já é segunda-feira

olho para a folhinha procurando o mês de março
mas já estou em abril.

14 março 2008

breve relatório destas últimas semanas

Faz um tempo, já.
aliás, este passa liso por entre as frestas da porta do meu quarto.
Amanhece o dia, chega mais um fim de semana.
apenas as desajeitadas pilhas de papéis permeadas pelo caos ficaram.
Estou meio perdida, meio acelerada.
Meu hipertireoidismo é sub-clínico.

Estamos no meio de Março.
sou mestra, pois é.
Ficam agora todos os sonhos competindo por espaço com todo o trabalho do mundo (que me pertence).
Até que a ordem seja estabelecida.
A saudade que já é estado crônico fica reservada aos tempos ociosos. Poucos porém intensos.

25 fevereiro 2008

a defesa pela vida

filho saiu da incubadora
chegou em casa,
agora será apresentado à vizinhança e amigos
ao mundo
está ansioso

A mãe, deveras exausta após 48 horas consecutivas de trabalho de parto.
preciva começar a ir pensando na vida novamente.
hoje não.
amanhã,
agora, só banho quente e cama macia.

22 fevereiro 2008

olho fervendo pressão apitando

AAAAAAAAAhhhhhhhhhhh.. será que guento a pressão, corrazón??!?
to com saudade do mundo.. que corre lá fora da minha janela..
e para mim, só resta a vida pela tela...
até semana que vem mon cher ami

olho na pressão, tá fervendo
olho na panela
dinamite é o feijão cozinhando
dentro do molho dela

lenine

19 fevereiro 2008

a espacial atemporal, fragmentos de um diálogo inter-regiões

Arthur: BJ + bom dia + felicidade + prazer + realização + conquista + saber + amizade + 1 dia que é = a todos os dias vividos e lembrados e postos em prática no que somos e guardamos. Dia desses vi uma coletânea dos trapalhões. adoro mumu da mangueira, sempre bebendo um mé ou um suco de cevadis. viajei no tempo, sorri na sala de estar, aos 10 incompletos anos, família inteira, pai mãe e irmãos e irmãs, num zum zum zum dominical. o sentimento é um encanto atemporal. eu nem sabia assim, embora já o sentisse desde então.

Zirila: e no carnaval, fiquei daqui, através da telona, tentando encontrar as carinhas conhecidas no meio da multidão.
E creio que desta forma vivi "com" vocês, um pouquinho da alegria do carnaval.
Sentimentos não possuem tempo nem espaço.
A-espacial ?!?!

Arthur: todo ano é de carnavalis, ele tem casa em nós.

Sentimentos possuem espaço sim. moram em nós. nada de a-espacial. flutuam e encontram moradia nos desejos. são à revelia do tempo, esse nós que criamos, fazemos marcações, para delimitar a vida em acontecimentos, em congruências que nos dêem mais sensação de poder, de controle.

Publicado com o consentimento de ambos autores.

17 fevereiro 2008

retardar o inevitável

Há algumas semanas, talvez meses,anos, decidi que quero começar a correr.
Primeira razão saúde, emagrecer uns quilinhos que insistem em se acomodar e tomar posse do meu corpinho.
Segunda, vencer uma barreira própria de nunca ter sido boa em correr longas distâncias, nem médias, nem curtas. ooops...

Terceiro, eu acho lindo ver pessoas correndo, altivas, ativas, suando, controlando o que pra mim é incontrolável, espero que por enquanto, o fôlego.
quarto..
humm..
o problema é que tenho esse grave defeito em retardar, atrasar (movida a clima de fim de horário de verão, quiçá..)coisas das quais já deveria ter começado.

E nesta tarde - na qual para vcs terem uma idéia e imaginarem a cena - eu já estou prontinha, vestidinha com a roupa pra correr, resolvi escrever um post.

Isto porque antes eu já trabalhei infinitamente (na tese) óbvio, lavei louça, não contente, lavei roupa, fiz pão de queijo, fiz café, fiz lanchinho da tarde, pensei e tive saudades de amigos queridos, falei com o amor or dor ..( será que foi isso que me inspirou?)
e é isso então.
Acho que minha lista de desculpas acabou.

Deixa eu ir, antes que o sol se ponha, afinal acabou o horário de verão.
.. e do que menos preciso é de mais uma desculpa.

Deixa eu ali no campinho de baixo, quem sabe ainda pego um pouco do sol se pondo.
Galera eu vou correr!
Acho que vai chover, mais do que choveu a semana inteira.

atrasem seus relógios

Adoro o fim do horário do verão,
ainda mais quando cada hora é preciosa.
ho ho ho

15 fevereiro 2008

depósitos de mim

Às vezes, em momentos relevantes, da minha vida, eu tenho vontade de fingir que não me importo.
Atitudes pós-modernas, neste mundo desordenado.
Jogo os frascos vazios, abro os novos, de embalagens novas.
Reciclo.
Mantenho a mínima ordem necessária para manter o sentimento de segurança e controle.
Esta ordem, por muitas vezes, desordenada, não reflete o meu estado de espírito.
Afinal não sou virginiana, tenho apenas meu pé e umbigo por lá.

Mas com os pequenos ritos, ou não, sigo.
Parece até um grande chavão, e penso que tem sido, destes meus útimos dias.
A metade do mês, o fim do período.
Vontade de me dar ou até mesmo receber alta da moça que me vê através das lentes azuis.
Encontros desconfortáveis pelos corredores, mantenho a cabeça baixa. Nada aconteceu na meia hora que acabou de passar.

Meu olhar, fixo num ponto qualquer, distante, pesado.
Pensava em fingir que não me importo mais, assumir este papel.
Omitir o passado e continuar nesse meu jogo pessoal de tentar controlar o futuro.
Afinal de contas, uma vez, foi me dado o nome de zirila e isso deveria me servir pra alguma coisa.
Mas não tem jeito.

E às vezes tenho medo desse blog.
Vontade de imprimir tudo, dar cabo deste espaço e guardar o pacote de papéis impressos, com um pouquinho da minha história no fundo da gaveta, daquele armário que não é aberto quase nunca.
Depósitos de mim.

12 fevereiro 2008

admito

Dias assim
confinados, sem tempero
chuvosos, não pelo fato da chuva, gosto de chuva, mas tomo esta referência apenas como descrição dos meus dias, que variam do sol às chuvas dos fins das tardes de verão.
Arritmado em compasso frenético e letárgico.
Antagônico, melancólico, apreensivo.

às duras penas, sambar o samba com uma perna só
quase que insanamente, lutando contra as horas que fazem passar os dias da folhinha
Um futuro, o meu, tão próximo, cheio de incertezas e certezas, de que todas as possibilidades estão ao alcance das mãos e dos pés.

busco em minha trilha sonora, momento de evasão de mim mesma

O tormento e alento dos dias

à base de detefon que me envenena a favor dos mosquitos

e a certeza de que vai passar
pois passa
e o novo sempre rebrota fresco, como depois da chuva, esta mesma que molha as barras da minha calça - a minha vida - e suja de lama a sola dos sapatos.

Acho que tenho andado com a cabeça meio cheia, tão cheia de idéias, pensamentos, que ela chega a doer, e pra dor, esta que se instala na cabeça, foi receitado tylenol.

tomo,os comprimidos contra indicando a indicação,
às vezes a dor passa, as vezes não,
em outras vezes se transforma em companhia crônica e então
o único jeito é desistir de tudo, ainda que por um momento.

Mesmo assim, contudo,
em meio ao tremor de todo o corpo, após do relato sóbrio da minha mente confusa, à moça que me vê através das lentes azuis, me resume à idéia de que,
ela me vê bem e que devo continuar.

E eu, obedientemente continuo, só não sei muito bem, neste momento, pra onde.
Admito, talvez eu saiba e muito bem, mas tenho medo de admitir que sei.

09 fevereiro 2008

cinco minutos

Pedi você
prá esperar cinco minutos só
você foi embora sem me atender
não sabe o que perdeu
pois você não viu, você não viu...
como eu fiquei.

Dizem que foi chorando, sorrindo, cantando
os meus amigos até disseram
que foi amando, amando.

Pois você não sabe, você não sabe
e nunca, e nunca,
e nunca...
Vai saber porque
pois você não sabe quanto vale cinco minutos, cinco minutos
na vida
Pois você não sabe e nunca vai saber porque
pois você não sabe quanto valem cinco minutos
na vida.

jorge, o de ben

06 fevereiro 2008

fuga

e por um momento quase me esqueci
quis fugir da luz que bateu nos seus olhos
mas enfim, como no fim de tudo,
assim como a quarta cinzenta
de cinzas, rogada
reafirmo meus votos
e me lembro da saudade costumeira.
Esta que, severa e sem piedade, rasga meu ventre, meu peito
rasga tudo por dentro

e me dói.

05 fevereiro 2008

feliz aniversário

Outro dia, eu estava no ônibus indo de Niterói pro Rio.
Entrou uma moça que me lembrou muito você.
Não sei porque me lembrou, mas lembrou.
Ela se sentou ao meu lado e eu pude sentir o perfume dela,
que era o mesmo perfume que você costuma usar.
Eu fiz a viagem toda com você do meu lado.

Um beijo
T.

03 fevereiro 2008

o vôo

Era a hora de abrir a gaveta
retirar a caixinha,
há muito guardada, de sonhos
um a um ordená-los
e matutar, saborear
sobre cada um por minutos e horas
indefinidamente
sem medo algum de voar.

02 fevereiro 2008

férias

acho que estou começando a sentir saudades
e os efeitos
das férias que me separam
da moça que me vê através das lentes azuis

na terra do boi falô

a vaca berrou
afinal
é apenas uma vez ao ano.

31 janeiro 2008

meio blue

caminhadas solitárias
passadas silenciosas
sabe dias tristes
dias melancólicos,
quando você se sente perdida.
sozinha.
uma ressaca
uma rebordosa
só para enfrentar a vida
e daí dá medo.
e você olha ao redor,
como se estivesse tudo desordenado
mas um desordenado ruim
(porque nem sempre é ruim estar desordenado)
fora de controle
como se não fosse ter solução
você sem solução

30 janeiro 2008

Piece of advice

Nunca saia para celebrar
,digo bebemorar,
e deixe os faróis do carro acesos
em um dia de chuva e descompromissado

vinte e nove

Dia calmo, chuvoso,
doze horas de sono
um almoço que virou churrasco
na chuva com gió e fabão
e virou festa não planejada
não tem celebração mais certeira
e aos vinte nove do mês de janeiro
as vinte e trinta
vinte nove
agora mais vinte e nove dias do mês de fevereiro
um ano bissexto
vinte nove

28 janeiro 2008

filho parido

O filho nasceu,
filho de parto parido e prematuro.
Mais três semanas de enfermaria, na incubadora
sob cuidados da Unidade de Terapia Intensiva.
Mas passa bem e tem os olhos da mãe.

26 janeiro 2008

a dois dias do prazo

Meus dias estão mais para pesadelo, sonhando acordada mesmo.
Atenção, escrita da dissertação em progresso!
Até as pontas dos dedos doem ao tocar o teclado.
Foi tanta sinapse que o cérebro quase entra em greve.
Não teve jeito, passei o dia de ontem a base de Paracetamol 750mg.
Em intervalos mínimos necessários para que não perdesse o efeito.
Já não sentia nem a dor da cólica, apenas os terremotos de contrações que aconteciam no meu útero. Bizarro.
E é claro, que pra arrematar a noite, a dois dias da entrega da dissertação, meu vizinho resolveu fazer uma rave na minha janela das 20:00 às... humm..
Sirenes tocavam e não eram da polícia.
A pessoa aqui esta estressada?
Impressão.

24 janeiro 2008

dissertando

e a criatividade está toda concentrada em como resolver meus problemas e encontrar caminhos nesta dissertação.
logo mais volto com folguedos e alegria.

23 janeiro 2008

dentro do sumário

nesse caminho de pedras..
Acabei de descobrir que tem um ítenzinho.. que eu tanto queria pra minha dissertação..
mas daí... no perrengue o dia todo pra tentar rascunhas as idéias, prazo estourando, olhos ardentes, espinha dorsal em forma de anzol, haja bunda pra ficar nessa cadeira.. e..
vetei.
Quem sabe no doutorado eu não aprofunde mais a questão?
Afinal anos para o estudo, espero ter muitos pela frente.
.. tá tá.. a pausa já foi feita..
deixa eu voltar..
para os braços da benedeta.

16 janeiro 2008

desmunhecados

pois é garotada...
agora sou em nova versão, versão tendinite
e de munhequeira em punho, toalha em forma de apoio, pra mó de arcançá o teclado, sigo na minha rota torta à caminho da maestria.
Pois sim?! Deixa eu falar a verdade, porque esses estudantes não gastam só as vista não, gastam as munheca tumém.

das orações

.. porque a cada dia penso em sua pessoa.
Ontem a noite sonhei com você,
mas fui bruscamente acordada pelo novo dia,
que começou opaco por sua ausência.
Meus pensamentos estão estão em ti,
e toda noite, minha oração.

15 janeiro 2008

Sonhos insanos
,dados estatísticos
prazo marcado na folhinha
tendinite,
agonia no peito
corridas ao entardecer
,amor escorrendo pelas rebarbas
pudim de leite como sobremesa aos domingos.

13 janeiro 2008

Quando eu canto que se cuide
Quem não for meu irmão
O meu canto, punhalada
Não conhece perdão
Quando eu rio
Quando rio, rio seco
Como é seco o sertão, meu sorriso
É uma fenda escavada no chão
Quando eu choro
Quando choro é uma enchente
Surpreendendo o verão
É o inverno, de repente
Inundando o sertão
Quando eu amo
Quando amo eu devoro
Todo o meu coração eu odeio
Eu adoro numa mesma oração
Quando eu canto
Mamy, não quero seguir definhando sol a sol
Me leva daqui, eu quero partir
Requebrando um rock and roll
Nem quero saber como se dança o baião
Eu quero ligar, eu quero um lugar
Ao sol de Ipanema, cinema e televisão

Baioque - Chico Buarque

09 janeiro 2008

para usar a mão esquerda no mouse

O verão continua lindo e loiro fora da minha janela, os papéis, meus papéis, fruto de tanta pesquisa e labuta continuam espalhados, ao meu redor, em diferentes níveis compreendidos no espaço da parte plana e mais alta da CPU até o canto mais remoto do escritório, aquele onde geralmente a poeira tende a se acumular.

No auge de tudo isso, da produção (da dissertação) a mão direita, esta que vos fala e que digita e faz metade do trabalho neste teclado, que responde e enfrenta o mundo por suas capacidades mais desenvolvida dá sinais de cansaço e lentidão na resposta aos meus comandos.

... mudei o mouse de lugar, novos desafios para a mão canhota do meu corpo, tadinha tão lerdinha...

Tudo isso sem perder a ternura, exceto às terças-feiras, envoltas e recheadas de caramujos, minhocas e caraminholas.
Surtos com direito a choros, velas e coração lotado de saudade, que outrora considerada palavra tão bonita no meu vocabulário, hoje meu cárcere.

08 janeiro 2008

águas de janeiro

sigo dissertando
com café e esforço

06 janeiro 2008

uma nova música



The more things seem to change,
the more they stay the same.
...
The more you stay the same,
the more they seem to change.
...
You're gonna find yourself somewhere, somehow

Corinne Bailey Rae

hemisférios

e para quebrar a rotina dos dias,
de tempos em tempos, sem hora certa, alguns flocos de neve já derretidos fingem refrescar meus dias quentes de verão
as hipóteses estão todas rascunhadas, os papéis todos entornados
algumas melodias novas que acompanham os dias junto com a da chuva
e no fundo tem um buraco de confusão, medo, ansiedade
as unhas já a algum tempo não crescem mais
o cansaço, a saudade, os pensamentos

hoje vi metade de um filme, no fim de noite,
quando os olhos já não percebiam mais nada
fiquei agoniada, não era filme de vampiro,
era filme de amor, desses não concretizados,
que rondam o pensamento durante toda uma vida, como um fantasma que atormenta a alma daqueles que não foram, que ficaram
e o final da história.. banal

o meu futuro está escrito na folhinha
o calendário amarra meus dias e bota ritmo, um pouco depressa demais
mas sempre descompassando meus pensamentos
e tenho meu futuro incerto quase todo traçado juntamente com os planos que ficaram no ano passado.

e já não sei mais o que vai ser de mim, rumos meio quase todos tortos,
traçados sem direção
fico apenas presa pelos clips de papel e traços coloridos que marcam os capítulos e compassam meu fim.

02 janeiro 2008

"A sombra azul da tarde nos confrange.
Baixa, severa, a luz crepuscular.
Um sino toca, e não saber quem tange
é como se este som nascesse do ar."
(...)


Carlos Drummond de Andrade