28 dezembro 2006

aos que observam e vigiam o tempo todo. todo dia, tantas vezes, tantos meses.

Veja que sou livre, eu vôo. Perco-me entre vôos curtos, longos, tortuosos, cíclicos, não tenho métrica, não tenho padrão, apesar de muitas vezes previsível. Às vezes me acho, e quando o faço, gosto muito do que vejo, quase não reconheço quando me olho no espelho.

Mas não se engane.. não se engane, não.

Muitas vezes não me vejo, meus olhos se desviam pelas ruas, pelas figuras. Meu olho me engana ou me engano com meu olhar quase todo tempo. Sou invisível. Misturo-me nas grandes massas, massas atmosféricas, massas italianas.

Deixe-me assim. Não ameaço e não gosto de ameaças. Não gosto de invasões, nem bárbaras, nem amenas, apenas as consentidas.

Honestamente tenho uma tendência à preguiça e à vagabundagem. Apesar de também ter uma tendência ao trabalho compulsivo, desmedido. Às vezes, coisa esporádica e temporal, admito. Extremos, antagônicos.

Não tente entender. Eu não entendo e já desisti. Apenas vejo, admiro, me regozijo com o belo. Digo, o que é belo ao meu modo, ao meu gosto.

Não gosto de encrenca, tenho poucos inimigos e se os tenho, honestamente, deles não quero obter notícia, muito menos saber da existência. Não me incomodo com eles. Eles que me odeiem dentro de suas cápsulas. Benditas sejam as cápsulas protetoras como diriam já os gafanhotos. Viva os gafanhotos!

Por isso.. por isso não se engane.

Sou mais ingênua do que deveria e menos do que gostaria. Ou o contrário, ache o que quiser. Se eu quiser posso ser puta ou santa. Gosto dos destilados, preferencialmente pinga.

Não falo todas as línguas que gostaria e deveria, não sei os nomes de letras de canções, nomes de ruas e nomes de compositores. Um dia, talvez, com aquela risada debochada, chego à perfeição, à minha imperfeição.

Sou de alto nível, além de alta, mas quando e se quero posso ser péssima, o que acontece freqüentemente. O mal muito bom dos aquarianos e de zirilas, caminhar de calças arriadas para o julgamento acusador e matador alheio. Minhas pitadas de tosquice.

Sou autodivertida. Dou risada de mim mesma. Amo surpresas, cumpro as promessas. Sou falha. Na maioria das vezes, para a minha alegria, me surpreendo, sempre.

Sou assim, uma tendência viciada a ter um sorriso estampado no rosto.
Ah...os sorrisos. Esses alegram a alma e sozinhos aquecem um coração.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou um dos que te olham de longe muitas vezes. Cheguei de mãos dadas com uma amiga, que me trouxe, e fui ficando, sem paga ou resposta, concluindo conversas em diálogos nulos. Confesso que venho várias vezes, repetidas vezes, na busca um tanto frenética por pedaços do seu cotidiano. Esse texto está demais, revelar e inquisitor e até um pouco dolorido e talvez seja essa a vazão da tua existência. Aproveito o momento para me apresentar e quem sabe assim sair do seguro anonimato que vc dilacera: meu nome é Marcelo, sou carioca e nessas paragens me aconchego, tenho infantis mais de trinta anos e me elevo à categoria de teu admirador (viva a minha amiga que me ensinou teu endereço!).

Abç.

Unknown disse...

Marcelo, estou honrada e lisonjeada..
às vezes fico por aí perdida, como que gritando ao vento. Seu pequeno passo quase saindo do anonimato, me fez sorrir nesse 02 de janeiro.
Viva a sua amiga! Viva todas as pessoas que olham o mundo de forma diferente!
Forte abraço pra tu