Encontros, desencontros e reencontros.
O silêncio respeitado, assimilado entre dois.
O olhar perdido, o olhar de menino, inocência já não mais revelada, ausente.
A certeza nunca esteve presente, inquietudes e o não entendimento das coisas que fazem parte da vida, que fazem parte de dois, dos dois.
Na infância o menino perguntaria empolgado: "Me diz o que você acha disso, o que você pensa sobre aquilo e daquilo outro? Me diz!"
A menina sem saber a resposta, sem ter resposta, não responderia. Apenas observaria e se encantaria com as coisas de menino.
Ele desapontado, no entanto, ficaria de mal com a menina e como que indignado diria a ela que sua meninice não o entenderia... (e não mais brincaria com a menina). Ela iria então para sua casa e, no caminho, se distrairia com uma borboleta transeunte. De volta para casa, encontraria uma borboleta pelo caminho... “Leve distração”...
A menina crescida não ousaria sentenciar as coisas do menino. Não. Ela não simplificaria sua essência em uma caixinha, botando-lha um rótulo, nem jamais acomodaria seus sonhos de menino em prateleiras. Não queria que a mágica empoeirasse na estante.
O menino grande diria incisivo para a menina: “pare de tentar entender a vida e vá vivê-la”.
Assim, então, os dois retomariam os afazeres rotineiros... em meio às contas que se acumulam ... e às tarefas não cumpridas, ao trabalho empilhado sobre a mesa e à poeira acumulada por entre as frestas, livros... e caixas nas prateleiras.
A menina crescida não soube onde foi parar o menino e tampouco como fazer para tirar a poeira que ofusca, ainda, o brilho de seu olhar.
2 comentários:
Plutão teve sua massa reduzida e deixou de ser planeta... Os outros astros, ainda que distantes, permaneceram próximos de nosso universo paralelo. Parece que hoje é dia de novas coisas acontecerem... Meus sonhos de menina viraram pesadelo e ainda me vejo cega pela poeira de tantos outros 'meninos pó' acumulados. Vou borboletar por aí...
Deixei de fumar. Hoje, finalmente, decidi. Aliás, enterrei muitas coisas hoje... Não sei se pelos astros falidos, por Plutão quase sumido ou se pela minha coragem de seguir em frente. Mudar por dentro é mudar, também, de atitudes... mudar por fora. Ou não é?
Postar um comentário