14 fevereiro 2007

cheiro de mato

ao acordar recebeu muita informação, na verdade ela buscava notícias. Mas não deu conta. O homem da luz que veio anotar os números, emails duros e retos, um chuveiro pra ser arrumado, um carro pra ser vistoriado, aulas pra serem dadas, faturas que iam vencendo, uma carta pra ser renovada, roupas pra serem lavadas. Isso porque concentrava-se apenas no que urgia e havia uma tese que aguardada sedenta por sua atenção. Ela combinava com esse roda-moinho, esse turbilhão, tinha afinidades por ele ou era perseguida por ele, talvez por isso pensasse ter afinidades. Esse sempre muito o que fazer, muito o que falar, muito o que pensar. Estava cansada admitia. Queria finalmente ter consciência de ter o controle de sua vida, um descanso em uma calmaria de uma manhã bonita no campo, permeada pelo cantarolar dos passarinhos. Ela buscava isso. Aliás, essa foi a única notícia confortadora naquela manhã. Haveria logo, logo uma possibilidade. Ela sentiria o cheiro de mato novamente, iria até ele.

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